Entre as causas desta que foi o primeiro grande conflito mundial, temos no próprio capitalismo o maior dos motivos, e de certa forma todos os grandes fatos ocorridos durante o século XIX, mais precisamente em sua segunda metade, foram direta ou indiretamente causas de tal confronto militar, que no seu começo era europeu.
O nacionalismo exaltado dos Bálcãs, onde já se tinha tido um confronto armado em tal região poucos anos antes da guerra mundial estourar, e que estavam se reorganizando depois do domínio turco e tentando sair da esfera de influência austro-húngara; a corrida neocolonialista, que provocou rivalidades entre várias nações europeias pela disputa de mercados produtores de matéria-prima e consumidores de produtos industrializados; diferença entre alguns países, como, por exemplo, a França e a Alemanha, em que, com a unificação desta última, o território da Alsácia-Lorena foi dado à Alemanha, além de brigas pelo Marrocos; disputas entre a Rússia e a Alemanha, no Oriente Médio; a corrida armamentista que se seguiu, em que era sempre necessário ter armas mais avançadas que os possíveis inimigos; a formação de alianças, decorrentes das rivalidades e de corridas armamentistas, quando duas tríplices alianças foram formadas, visando à proteção mútua em caso de invasão ou ataque de qualquer país a um aliado.
As alianças eram a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; do outro lado estava a Tríplice Entente, formada pela Inglaterra, França e Rússia.
A causa direta do conflito foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco; alvejado junto com a esposa por um jovem nacionalista sérvio em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovínia. Tal região era pretendida pela Sérvia, que estava iniciando uma pequena expansão pelos Bálcãs, incentivada pela Rússia, mas tinha o império austro-húngaro como limitador, pelo fato daquela região ser controlada por tal império. Com as investigações, a culpa foi atribuída a uma organização secreta chamada de “Mão Negra”, que era patrocinada pela Sérvia. Um ultimato foi dado à Sérvia, e o seu não cumprimento provocou a declaração de guerra da Áustria-Hungria contra a nação eslava; pouco tempo depois todos os países europeus (exceto a Itália) ligados pelas alianças estavam em guerra.
Todos os estrategistas achavam que o conflito duraria pouco mais de um ano, mas estavam errados, pois os sistemas de trincheiras causaram uma total imobilidade no conflito, sendo muito mais uma guerra de desgastes e massacres perpetuados pelas metralhadoras das casamatas toda vez que uma tropa se lançava contra as linhas inimigas.
Divisão política da Europa em 1914
Em 1915, uma comissão anglo-francesa visitou Roma, já que a Itália se mantinha fora do confronto, por considerá-lo culpa de seus parceiros e por isso não entraria no conflito; sua posição mudou, pois tinham sido prometidas aos italianos as cidades de Trento e Trieste, que estavam em mãos austríacas, e também todas as colônias alemãs na África; com tamanha oferta os italianos entraram na guerra, porém, contra seus aliados da Aliança.
Outros avanços militares foram conseguidos, sobretudo pelos alemães, que, por terem uma marinha limitada, foram obrigados a desenvolver uma frota de submarinos; além disso, também foi feito um intenso uso dos aviões e, pela primeira vez, de armas químicas.
A posição norte-americana era dúbia para com o conflito, mas, ao ser lançado o que ficaria conhecido como “Os 14 Ponto de Wilson”, a situação enfraqueceu os ânimos dos países da Aliança, pois tal linha de atuação previa uma paz sem ganhadores e a formação de uma liga de países, a futura Liga das Nações.
Durante o ano de 1917, aconteceriam fatos que seriam decisivos para o rumo do conflito; a entrada dos EUA ao lado da Entente e a saída da Rússia, por causa da Revolução Bolchevique. Em 1918, o conflito, que estava de certa forma estacionado nas trincheiras, começa a mudar de forma com as tropas dos EUA enfraquecendo os alemães; esses vendo o seu fracasso resolveram pedir a paz, ainda em território francês e ainda por cima proclamaram a república, como que colocando a culpa da derrota no império.
A derrota dos países da Tríplice Aliança seria feita em separado. Os alemães tiveram que aceitar o Tratado de Versalhes, que humilhava a nação germânica, proibindo a existência de uma marinha de guerra, de uma aviação, limitando seu exército, fazendo-os perder um terço de sua malha ferroviária, além da devolução da região da Alsácia-Lorena para a França, cedendo ainda a região do Sarre temporariamente para pagar o tempo de domínio germânico sobre o território anteriormente citado e para o pagamento das dívidas de guerras.
Contra a Áustria foi assinado o Tratado de Saint-Germain, que desmembrava tal país; a Hungria também perderia terras para a recém-criada Checoslováquia; a Turquia perdeu seu império com o Tratado de Sévres e a Bulgária, que tinha entrado ao lado da Aliança, teve que ceder os territórios anexados com a Guerra Balcânica, pelo Tratado de Neully.
As consequências da Primeira Guerra Mundial foi o nascimento de vários novos países, como a Finlândia, a Polônia, a Checoslováquia, Áustria, Hungria, Estônia, Lituânia e Letônia e a Iugoslávia. Outras consequências seriam mais agravantes, como a Crise de 1929, o nascimento do Nazifascismo e de certa maneira a Revolução Socialista na Rússia.
Pode-se ainda colocar o fim da supremacia da Europa no mundo, indo o poder para os EUA.
A Revolução Russa
As causas da Revolução Russa são basicamente as mesmas da Revolução Francesa; uma forte crise, sócio, político e econômica; o quadro russo era de feudalismo, onde a maioria da população era rural e não tinha acesso a terra, pagando ainda taxas feudais, mesmo que o feudalismo tinha sido abolido pelo czar Alexandre II em fins do século XIX. Na política, o absolutismo reinava nas mãos do czar, nome dado aos imperadores russos oriundos de César. Para se fazer uma ligação com os imperadores romanos, a falta de um parlamento e a não participação da burguesia no poder geravam críticas por todos os lados; a situação econômica era a pior dependente de capitais externos, a Rússia era frágil nesse setor, estando fortemente ligada ao capital francês e inglês; gastos vindos de guerras desastrosas, como o conflito com os japoneses, cuja derrota russa causou uma revolução em 1905, depois de um massacre feito pela polícia cossaca contra manifestantes de uma greve geral, no episódio do “Domingo Sangrento”; tal revolução ficaria conhecida como “o Ensaio Geral”, a prisão e a extradição de socialistas participantes levariam a um conhecimento maior da situação do quadro russo, dando condições para uma nova tentativa.
Divisão política da Europa após a Primeira Guerra Mundial, 1921
Frente à situação, o czar Nicolau II fez um parlamento (Duma), porém com pouca força política, contribuindo para aumentar as críticas ao governo. A participação desastrosa dos russos ao lado da Entente, em que um número bem maior de soldados do que a capacidade de mantê-los provocou sérias acusações de desmandos e incapacidade de manter o país no conflito por parte do czar, que, pressionado, abdicou em 1917. Criaram-se então dois poderes, a “Duma” e os Soviets, que seriam formados por um conselho de soldados, operários e camponeses.
A “Duma” criou o governo provisório com o príncipe Lvov à sua frente e tendo Kerensky como premier. Kerensky era do Partido Social-Revolucionário, que tinha duas linhas distintas dentro de seus quadros, um a dos mencheviques (minoria em russo), ligados à alta burguesia e outra ligada à baixa burguesia, representada pelos bolcheviques (do russo, maioria). A volta dos bolcheviques à Rússia, devido à sua atuação na Revolução de 1905, aumentou a crítica ao governo de Kerensky, que mantinha a Rússia no conflito mundial de 1914, com isso, em outubro de 1917 (no calendário russo), foi feita uma revolução de linha mais popular, colocando os soviets no poder.
A Rússia não estava preparada para o socialismo, então os primeiros problemas começaram a aparecer, como a queda na produção industrial e principalmente na agrícola, no período conhecido como “comunismo de guerra”; a saída encontrada seria uma abertura ao capitalismo, a NEP (Nova Política Econômica), que na estratégia de Lênin seria, “um passo para trás, para dar dois para frente”. Nesse mesmo tempo, o país passava por uma guerra civil, em que russos brancos ligados ao czar e aos moderados, com apoio do capitalismo internacional (EUA, Inglaterra, etc.), lutavam contra os denominados russo vermelhos ou bolcheviques. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a necessidade de recuperação econômica desses países fez com que o apoio financeiro aos brancos fosse retirado, enfraquecendo-os; com vitórias graças ao apoio dos camponeses temerosos da volta do feudalismo, os bolcheviques acabaram por vencer a guerra.
No ano de 1922 foi criada a URSS, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e dois anos depois, com a morte de Lênin, inicia-se uma disputa pelo poder entre Trotsky e Stálin, sendo que a vitória coube ao último; a linha de pensar e conduzir o processo revolucionário fez com que os comunistas preferissem Stálin, que defendia a consolidação da revolução em um só país, para depois exportá-la; ao passo que Trotsky defendia a ideia da revolução permanente, ou seja, incentivar várias revoluções aproveitando-se do exemplo russo. Com Stálin, a burocratização da revolução se consolida, ocorrendo expurgos aos considerados inimigos do novo regime, eliminando massas camponesas e degredando várias pessoas na Sibéria. Em 1928, Stálin cria os Planos Quinquenais, procurando suprir pontos na economia soviética que eram deficientes, como, por exemplo, na indústria pesada e energética.
A Crise de 1929
Sua causa está ligada à Primeira Guerra Mundial, devido à superprodução e ao subconsumo, decorrentes do conflito.
Após a guerra, tanto os EUA quanto a Europa sentiram uma crise leve para se recuperar dos gastos com o conflito, e o isolamento dos EUA do resto do mundo lhe rendeu um período de grande prosperidade, que de certa maneira foi acompanhado pela Europa e pelo resto do mundo, mas essa euforia de bem-estar mostraria sinais de cansaço já no final da década de 20.
A produção industrial era estabilizada entre os EUA e a Europa, porém, ao sofrer com o conflito mundial, a produção europeia caiu, logo, para suprir as necessidades do velho continente, os EUA passaram a produzir mais. Contudo, essa produção continuou nos mesmos níveis depois da guerra, sendo que a Europa do pós-guerra também voltaria aos mesmos níveis de produção de antes do conflito; resultado, a produção acabou sendo maior que o consumo, causando um aumento considerável nos estoques; com medo de perdas, os industriais passaram a diminuir a produção, com a dispensa de empregados; o resultado foi a queda do poder aquisitivo e o do consumo com o aumento do desemprego.
Por uma questão óbvia, os valores das ações das empresas começaram a cair, provocando baixas em todo mundo capitalista; o processo de especulação financeira tinha tomado todo mundo, com o repasse de juros entre os bancos pequenos, juros esses que vinham das grandes instituições financeiras; a queda do valor das ações provocou um gradual pânico entre os especuladores, estourando então, no dia 24 de outubro de 1929, na “quinta-feira negra”, onde, segundo consta, a Bolsa de Nova Iorque caiu em uma hora 30%, levando ao fechamento da mesma; a baixa foi contida quando um grupo financeiro comprou um grande número de ações, freando a queda do valor das mesmas e, em 1930, ao tentar vendê-las, viram que seu valor ficou nulo, levando então o grupo (Morgan) à falência.
Os investimentos norte-americanos foram retirados de diversas partes do mundo, levando a crise a esses países, o que acabou por fortalecer as doutrinas nazifascistas.
Para sair da crise, o presidente eleito, F. D. Roosevelt, lançou o “New Deal” que seria um plano de recuperação econômica baseado no leve intervencionismo estatal na economia, procurando regularizá-la. Com isso várias obras foram realizadas, gerando empregos à imensa massa de desempregados, que passariam a consumir com seus salários, voltando à produção normal, que geraria mais empregos e assim por diante; neste caso específico, os EUA tinham um fundo de reserva que foi usado para conter a crise. O plano previa uma desvalorização do dólar em 41%, empréstimos a juros baixos e uma queda controlada na superprodução agrícola, visando elevar os preços de tais produtos, com o abandono de 30% das terras produtivas.
Na Europa, a crise só aumentava, sobretudo com a desvalorização do dólar e o fim do lastro do ouro, enfraquecendo assim as democracias europeias, aumentando a crítica ao capitalismo por parte da URSS, que disse não ter sofrido com a crise mundial.
Os Regimes Nazifascistas
A explicação mais comum para o surgimento de regimes totalitários de direita na Europa foi a Primeira Guerra Mundial, cujo caos econômico, os ressentimentos com a severidade da paz para com os alemães e as desilusões para com os italianos deram uma certa perda de fé nos regimes democráticos. A Itália tinha mudado de lado no início do conflito e, quando este terminou, das promessas feitas para a mudança de aliança militar, somente as cidades de Trento e de Trieste foram parar nas mãos italianas, sendo que nenhuma das colônias alemãs na África foi dada aos italianos; não se pode esquecer que o conflito contra a Áustria deu-se no norte italiano, justamente a área mais industrializada da Itália; contamos também a perda de cerca de 600 mil homens e outro número igual de feridos, onde seria necessário pagar as devidas indenizações às famílias dos mortos e dos feridos.
No caso alemão, a situação era de certa forma parecida, pois, com o Tratado de Versalhes, a Alemanha ficara arruinada, devido às tributações impostas, em que o povo passa a não aceita a derrota; tudo isso seria acumulado com uma inflação catastrófica de 1923, que chegou a 80% ao dia, sendo que, segundo algumas estatísticas, o dólar chegou a valer em novembro desse ano dois trilhões e meio de marcos. Tais fatos contribuíram e muito para a ascensão de um regime de direita radical na Alemanha.
As características gerais de tais regimes são o nacionalismo exaltado, procurando um prestígio internacional da pátria; o tradicionalismo, restaurando os valores da nação; o militarismo, onde boa parte dos integrantes de tais grupos políticos eram ex-combatentes, desgostosos do resultado da guerra; o antiliberalismo, a antidemocracia e antissocialismo, segundo o qual somente o partido deles é que existiria, possuindo também um chefe único, com controle da nação, havendo um culto à sua personalidade, como um verdadeiro líder da nação; fanatismo do povo através do controle da propaganda estatal e com o uso da censura; limitando-se o legislativo e controlando o judiciário; uma economia dirigida pelo Estado; por fim, temos a política expansionista sobre determinadas áreas de interesse do Estado.
No absolutismo tínhamos um controle por parte do Estado, da política e da economia; no totalitarismo, além das duas anteriormente citadas, temos também o controle da sociedade, via os meios de comunicações.
A ascensão do fascismo na Itália se fez com a incapacidade de controlar as agitações políticas, muitas delas realizadas pelos próprios fascistas, por parte do governo. Com tais ações, Benito Mussolini, líder dos fascistas, ganha fama como um severo crítico ao governo; com uma proposta de claro combate aos comunistas, Mussolini e seus adeptos passam a ganhar simpatizantes por toda Itália. A imobilidade do Estado era favorável ao aumento de poder dos fascistas, que, em outubro de 1922, decidiram marchar sobre Roma; a tomada do poder deu-se na forma mais pacífica, em que cerca de 50 mil “camisas negras” (em luto pela situação da Itália, segundo Mussolini) ocuparam a capital.
Com o poder em suas mãos, os fascistas passaram a se legitimar nele, com eleições fraudulentas e assassinatos contra os inimigos. Sem praticamente oposição, o novo governo passou a realizar obras, como o combate aos pântanos e brejos, para ter mais terras produtivas; planos para aumentar as colheitas de trigos; incentivo à natalidade; controle dos sindicatos, através da “Carta dal Lavoro”, que seria copiada de certa maneira por Vargas em sua CLT. No ano de 1929, o governo de Mussolini assina um tratado com a Igreja Católica (S. João de Latrão), em que é reconhecido o Estado do Vaticano; em sua política expansionista ataca a Etiópia e entra na Guerra Civil Espanhola.
Nazismo
Na Alemanha, a situação era crítica, pois a República de Weimar não tinha condições de controlar a situação caótica em que se encontrava o país. Vários partidos pequenos surgiram e um deles, fundado por um certo Anton Drexler, era o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, no qual ingressaria Adolf Hitler.
Alguns golpes enfraqueciam o governo moderado de Weimar (nome da cidade onde foi feita a Constituição), principalmente o levante “espartaquista” de Rosa de Luxemburgo, em 1919; o medo da ascensão dos socialistas fez com que a direita se apegasse na primeira promessa de combatê-los e, neste quadro, os nazistas se encaixavam bem. Em 1923, os nazistas tentaram tomar o parlamento de Munique em um golpe que ficou conhecido como o “Putsch de Munique”, com a morte de vários membros e a prisão de outros tantos; os nazistas (junção dos nomes nacional e socialista) ficaram temporariamente fora dos fatos, porém, na cadeia, Hitler recebeu certas regalias e acabou ditando o livro “Minha Luta”, que continha os pontos da ideologia nazista, como a superioridade da raça “ariana” e a inferioridade de outras, entre elas a dos judeus.
O medo das esquerdas aumentou o apoio aos nazistas, que passaram a colher adeptos entre os desempregados, jovens, velhos, ex-combatentes e mulheres; mas a força decisiva veio das elites econômicas que preferiram perder a liberdade política com o nazismo do que também de uma maneira geral a econômica com o socialismo. Deu-se então uma pressão sobre o presidente Hindemberg, para a nomeação de Hitler como chanceler da Alemanha, o que ocorreu em 1933; no ano seguinte, com a morte do velho presidente, Hitler fica só no poder, com o título de “Füher”, ou seja, líder do povo alemão. Tem início uma política de se livrar das oposições ao regime; um favorecimento do armamentismo alemão; combate à inflação; a busca por um espaço vital dentro da própria Europa e o extermínio dos judeus.
Dentro de sua política do “Anschluss”, anexa à Áustria, e devido à política de apaziguamento dos franceses e ingleses, recebe os Sudetos (região que pertencia à Checoslováquia). Prevendo um ataque à Polônia, faz um tratado de não agressão com a URSS, o Tratado Ribbentrop-Molotov ou Germano-Soviético, segundo o qual seria dividida a Polônia entre as duas nações e não se realizariam combates entre os assinantes do tratado; Hitler com isso visava lutar somente na frente ocidental, deixando para depois o ataque aos russos, que, por serem eslavos, eram igualmente considerados inferiores pela doutrina nazista.
A Segunda Guerra Mundial
O sentimento de revanche por parte dos alemães e seu armamentismo incentivado pelo nazismo, a expansão japonesa no oriente asiático, são causas do maior conflito que o mundo já viu; inclui-se aí, a crise do capitalismo na passagem da década de 20 para a de 30, e a Primeira Guerra Mundial, com o infame Tratado de Versalhes.
Após a Grande Guerra de 1914, foi criada uma liga de nações, mas seu país mentor, os EUA, acabou por não participar, a URSS saiu logo depois da revolução socialista, a Itália e a Alemanha se retirariam durante os anos 30; o enfraquecimento da ideia original era claro, então a Liga das Nações tinha perdido suas funções, que no fundo nunca obteve.
Hitler, depois de ter anexado os Sudetos, tomou o resto da Checoslováquia e passava a colocar os olhos sobre a Polônia. De outro lado fora assinado um tratado com o Japão, o “Pacto anticomunista”, que, junto com a Itália, acabaria sendo formado o “Eixo”, uma aliança entre os três países, formada em 1940.
Na verdade, a guerra teria começado em 1931, quando o Japão invadiu a Manchúria, território ligado à China. Com os protestos das Sociedades das Nações, o Japão se retira da liga e se aproxima das ditaduras de direita da Europa.
Em 1936 estoura a Guerra Civil Espanhola, em que, após a proclamação da república em 1931, a crise econômica aumentava, deixando claro que a mudança da forma de governo em nada resolvera os efeitos da crise mundial; uma eleição com vitória das esquerdas, em 1936, faz eclodir o movimento.
O Gal. Francisco Franco mobiliza suas tropas na África e desembarca no sul da Espanha, enquanto no norte tropas de direita, ligadas aos nacionalistas, chegam perto da capital. A luta entre republicanos e nacionalistas se intensifica, com os primeiros dominando as áreas mais industrializadas e os segundos as áreas mais agrícolas, recebendo ainda o apoio da Igreja. Do lado nacionalista vem ajuda da Alemanha e da Itália, com tanques e aviões, ainda suprimentos e tropas; os republicanos recebem cerca de 20 mil voluntários de todo mundo nas Brigadas Internacionais e apoio financeiro limitado da URSS, o que passa a limitar o movimento.
Com a subida ao poder de um comunista (Juan Negrin), tem início uma eliminação de oposições ideológicas, sobretudo em cima dos anarquistas e trotkistas; essas perseguições acabaram por enfraquecer os republicanos, que passaram a perder terreno para os nacionalistas de Franco; em 1939, a Espanha estava nas mãos de um novo ditador europeu. Hitler se aproveitou de tal conflito para testar sua máquina de guerra e entre seus alvos aconteceu o bombardeio de Guernica, pequena cidade basca, imortalizada na obra de Pablo Picasso.
As aspirações de Hitler não podiam mais ser contidas e no dia 01 de setembro de 1939, às 4h e 45min, a Polônia é invadida. Estava iniciada mais uma guerra mundial.
Usando sua força de tanques e os bombardeios de sua aviação, os nazistas conseguem um rápido avanço pela Europa, onde em um mês dominam a Polônia; no meio do ano seguinte já dividiam a França em duas partes, uma ocupada e outra num país fantoche: a República de Vichy; as quedas da Holanda e da Bélgica deixavam a Inglaterra em situação crítica, que só foi amenizada com o apoio dos EUA.
A necessidade de matéria-prima e, sobretudo, de petróleo fez com que Hitler se decidisse pela invasão à URSS em 1941. A Itália tinha atacado a Albânia e a Grécia, que, neste último caso, teve que receber ajuda da Alemanha, ocasionando a invasão da Iugoslávia.
Os EUA entraram no conflito com o bombardeio japonês à base naval de Pearl Harbour no Havaí em dezembro de 1941; sua entrada e de seus recursos mudariam o rumo do conflito, junto com uma reação da URSS, que se aproveitando de um inverno rigoroso passou a castigar as tropas nazistas; seu recuo seria ainda mais fatal aos alemães.
O destino do conflito mudaria no ano de 1943, quando as tropas do Eixo sofreram três derrotas, em Guadacanal, no Pacífico, em El-Ahmem, no Egito e em Stalingrado, na URSS, cidade esta que ficou sitiada cerca de 900 dias.
As campanhas desastrosas de Mussolini fizeram com que o “Dulce” fosse retirado do poder, o que acabou por dividir a Itália em 1943, com a fidelidade das tropas fascistas ao seu líder.
Em 1944 foi marcado um desembarque gigantesco de tropas no norte da França, visando a um ataque às forças nazistas, para libertar Paris e enfrentar os alemães, invadindo seu país; em junho de 1944 deu-se o “Dia D” numa das maiores manobras militares do mundo e em pouco tempo a França estava livre de seus dominadores.
A Alemanha estava aos poucos caindo sob o poderio soviético e norte-americano, sendo este ajudado pelos aliados, dentre os quais a Inglaterra. Em abril de 1945, Hitler se mata, junto com sua mulher, e no começo de maio, os alemães se rendem. A luta prosseguia no Pacífico, onde o Japão aos poucos ia perdendo terreno para os americanos, que venceram a Batalha do Mar de Coral e passaram a atacar cidades japonesas com fortes bombardeios. Em agosto de 1945, foi decidido o uso da bomba atômica, que tinha sido testada em junho no Novo México – EUA. A primeira bomba caiu sobre Hiroshima e a segunda dias depois sobre Nagasaki, uma terceira seria lançada sobre Tóquio. Frente tamanha força destruidora, o Japão se rende em setembro de 1945, quando findou a Segunda Guerra Mundial, com um saldo de 50 milhões de mortos, segundo as maiores estimativas.
De um lado, o conflito de 1939-45 colocou medo no mundo para outra possível guerra mundial, de outro, tornou-a bem perto disso, pois, com a vitória dos aliados, conferências realizadas no final da guerra dividiriam o mundo em blocos antagônicos.
A ONU
Devido à ineficiência da Sociedade das Nações, foi criada outra liga de países, só que, desta vez, com uma forte participação das nações líderes do mundo, a ONU (Organização das Nações Unidas).
Seu começo se dá em 1942, quando uma reunião em Washington recebe representantes de 26 países, daí a origem do nome; em 1945, em São Francisco, na Califórnia, membros de 50 países discutem o projeto de uma organização mundial com vários fins. A primeira reunião deu-se em Londres, depois passando para Nova Iorque, onde fixa sede. Sua função primordial seria manter a paz mundial e promover o progresso da humanidade, para isso, contava com vários órgãos internacionais, tais como:
• Assembleia Geral – composta por todos os países membros da ONU
• Conselho de Segurança – composto de cinco países permanentes (EUA, URSS, Inglaterra, França e China) e de dez indicados pela Assembleia Geral
• Corte Internacional de Justiça – feita para resolver disputas legais e julgar os direitos universais
Temos também as agências especializadas, como:
• Unesco – ligada à educação e cultura;
• FAO – ligada à agricultura e alimentação;
• OMS – para a saúde;
• GATT – que é um acordo geral de tarifas;
• FMI – Fundo Monetário Internacional;
• BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, etc.
A ONU, desde sua fundação, conseguiu evitar uma Terceira Guerra Mundial, porém, não os vários conflitos armados desde 1945, que em 1993, a Unesco contou 145, vitimando 20 milhões de pessoas, mas, em outros setores, a ONU têm sido mais feliz, como no desenvolvimento da ciência e proteção ao patrimônio, mesmo que isso não seja tão respeitado nos países mais pobres.
A ONU também atuou no processo de descolonização da África e da Ásia, procurando evitar os conflitos entre as linhas de libertação, capitalista e socialista. Sua ajuda a esses países novos nem sempre foi bem aceita, devido às críticas recebidas pelo seu direcionamento mais capitalista, porque maioria das nações componentes pertence a tal sistema e é claro defende seus interesses.

